Os sons de mastigação, quando produzidos durante uma refeição, são algo comum e geralmente passam despercebidos. No entanto, para algumas pessoas, esses sons podem ser incrivelmente perturbadores. O fenômeno de sentir raiva ou desconforto extremo em resposta a sons específicos, como mastigação, é conhecido como misofonia. Este artigo explora o que é a misofonia, por que ela ocorre e como lidar com o incômodo causado pelos sons de mastigação.

O Que é Misofonia?

Misofonia é um termo que se origina das palavras gregas “misos”, que significa ódio, e “phónè”, que significa som. Portanto, misofonia pode ser entendida como o ódio a sons específicos. Embora os sons de mastigação sejam os mais notórios, a misofonia pode envolver uma variedade de ruídos, como tosse, fungar, espirrar, mastigar chiclete, entre outros. Para aqueles que sofrem com misofonia, esses sons podem desencadear uma resposta emocional extremamente negativa.

Por que Algumas Pessoas Desenvolvem Misofonia?

A causa exata da misofonia ainda é objeto de estudo, mas várias teorias surgiram. Uma delas sugere que a misofonia pode ser resultado de uma conexão incomum entre os centros auditivos e emocionais do cérebro. Isso significa que os sons de mastigação, por exemplo, são processados não apenas como ruídos irritantes, mas como algo que gera raiva, ansiedade ou desconforto intenso.

Contudo outra teoria é que experiências passadas podem desempenhar um papel na misofonia. Por exemplo, alguém que teve experiências negativas associadas a sons de mastigação durante a infância pode ser mais propenso a desenvolver misofonia na vida adulta. No entanto, é importante observar que essas teorias ainda não são conclusivas, e a pesquisa sobre misofonia está em andamento.

Como os Sons de Mastigação Afetam Pessoas com Misofonia?

Pessoas com misofonia relatam uma ampla gama de reações quando expostas a sons de mastigação e outros ruídos desencadeantes. Essas reações podem incluir:

1. Raiva Intensa: Muitas pessoas com misofonia sentem uma raiva avassaladora quando ouvem sons de mastigação. Essa raiva pode ser dirigida à pessoa que está mastigando, mesmo que não seja sua culpa.
2. Ansiedade: Os sons de mastigação podem causar ansiedade extrema, tornando difícil para aqueles com misofonia participar de refeições em grupo ou situações sociais.
3. Irritação e Desconforto Físico: Algumas pessoas relatam sintomas físicos, como aperto no peito, sudorese e tensão muscular quando expostas a sons de mastigação.
4. Desejo de Fugir da Situação: Para evitar os sons perturbadores, as pessoas com misofonia podem se retirar de refeições em família, salas de aula ou ambientes de trabalho.

Como Lidar com a Misofonia

Lidar com misofonia pode ser desafiador, mas existem estratégias que podem ajudar a minimizar o incômodo causado pelos sons de mastigação:

1. Técnicas de Relaxamento: Assim como praticar técnicas de relaxamento, como respiração profunda e meditação, pode ajudar a controlar a ansiedade e a raiva desencadeadas pelos sons.
2. Uso de Ruído Ambiente: Máquinas de ruído branco ou música suave podem mascarar os sons de mastigação, tornando-os menos perturbadores.
3. Compreensão e Comunicação: Para aqueles que convivem com pessoas com misofonia, é essencial compreender a condição e tentar evitar ou minimizar os sons desencadeantes durante as refeições.
4. Aconselhamento Profissional: Em casos graves, a busca de aconselhamento de um profissional de saúde mental pode ser benéfica. A terapia cognitivo-comportamental (TCC) tem se mostrado eficaz no tratamento da misofonia.
5. Evitar Confrontos: Evitar confrontos com pessoas que estão mastigando pode ser uma estratégia útil para evitar conflitos e estresse.

Misofonia é um fenômeno real que afeta a vida daqueles que a experienciam. Os sons de mastigação podem desencadear uma série de reações emocionais e físicas, tornando a convivência social e as refeições um desafio. Compreender a misofonia e adotar estratégias para lidar com ela pode melhorar a qualidade de vida das pessoas afetadas por esse distúrbio. A pesquisa sobre misofonia continua a avançar, e futuros tratamentos podem oferecer alívio para aqueles que sofrem com esse problema.

Referências:

• Anderson, A. K., & Phelps, E. A. (2001). Lesões cerebrais seletivas e específicas de gatilhos emocionais. Curr Opin Neurobiol, 11(2), 209-214.
• Edelstein, M., Brang, D., Rouw, R., & Ramachandran, V. S. (2013). Misofonia: Fisiopatologia, diagnóstico e gestão. Neuropsychiatry, 3(4), 74-79.
• Schröder, A., Vulink, N., & Denys, D. (2013). Misophonia: diagnóstico, fenomenologia e terapia. J Nerv Ment Dis, 201(6), 419-425.